Nossa imagem e autoimagem é a porta de entrada para estabelecer um relacionamento saudável com a forma em que nos enxergamos, como o outro nos vê e como gostaríamos de ser. Constantemente fazemos investimentos em nossa imagem, para nos sentir bem e diante dos outros, em um constante processo de aceitação da construção de nossa identidade, que perpassa também a forma como nos enxergamos.
Doenças de pele podem nos trazer uma distorção dessa imagem social que passamos aos outros, como também o modo como nos enxergamos a nível de aceitação. Quando surgem dificuldades de se conviver com uma doença de pele, sentimentos de vergonha, tristeza e ansiedade social, podem impossibilitar que seus portadores tenham uma vida plena e saudável.
Desse modo, instalasse uma problemática em lidar com aquilo que vejo, aquilo que o outro vê, e aquilo que eu gostaria de ser. Viver em algum momento da vida com uma doença de pele, não é algo tão simples de lidar, pois envolve um conflito tríade, de como nos sentimos, como os outros se sentem diante da gente, e como eu gostaria de ser/me sentir.
Essa luta constante, pode colaborar com o agravamento de processos psicológicos inerentes ao sentido da vida e estados de humor, como distúrbios depressivos e ansiosos. Ao ponto que o processo de aceitação do acometimento de uma doença de pele, se distancia da imagem ideal que desejamos, o preconceito internalizado (preconceito contra si próprio) se intensifica e o empobrecimento da autoestima e auto cobrança aumentam.
É possível considerar que os problemas emocionais podem surgir na vida de qualquer pessoa e podem estar relacionados a características da personalidade, pelo modo que atribui os significados do que lhe acontece em qualquer âmbito de sua vida, e a forma como lida com os possíveis conflitos que possam surgir.
Lidar com a própria imagem, é um dos maiores problemas da humanidade, ao modo nos distanciamos daquilo que realmente sentimos por nós para atender estereótipos sociais e sermos aceitos pelo outro.
A nossa autoimagem, é a imagem que temos de nós que sobrepõe nosso aspecto estético e físico e revela o que somos de verdade e o que sentimos por nós mesmos. A autoimagem quando encarada de forma positiva, desperta autoconfiança, consciência do que somos, do que fazemos e facilita uma melhoria na forma de encarar a vida, os problemas e sobretudo, desenvolver um otimismo para levar a vida com mais tranquilidade.
As implicações depressivas e ansiosas de ser portador de uma doença de pele, podem ser representadas pelos constantes sentimentos de vergonha, baixa autoestima, tristeza por não se sentir aceito, respeitado, e os constantes esforços para ocultar a pele acometida pela doença (o que facilita o desenvolvimento da distorção da autoimagem). Dificuldades com o sono, falta de motivação para sair, desenvolver novas atividades e projetos, são sinais de traços depressivos e ansiosos. Ao ponto que a pessoa se distancia do relacionamento com sua autoimagem, consequentemente se distancia das pessoas com o constante receio de ser rejeitado, alvo de preconceito pela via de olhares turvos e de estranhamento, predispondo-se a atenuar sintomas como angústia, ansiedade, irritabilidade, baixa autoestima, falta de interesse por socializar, dificuldades com concentração, sentimentos de perseguição (será que estão olhando ou falando de mim?), sintomas estes que podem estruturar o desenvolvimento de quadros depressivos e ansiosos.
Nem sempre, a sociedade está preparada para lidar com as diferenças, e é claro que isso não justifica as constantes críticas e questionamentos que portadores de doenças de pele são alvos. Mas vamos lá? Convém entrar na onda de crítica de alguém que não conhece sua história? Não conhece seu interior e suas potencialidades? O que o outro precisa de nós é a nossa melhor versão, e para isso temos que nos aproximar de uma visão positiva do que somos e do que queremos para nossa vida. Assim, vamos nos aproximando das pessoas e quebrando todos os tabus em que o preconceito se enreda… lembrando que todo preconceito é descontruído pelo CONHECIMENTO, pela EMPATIA, e pela ACEITAÇÃO da diferença.
É de suma importância, estar atento aos sentimentos que desenvolvemos por nós mesmos ao longo da vida, pois nem sempre passaremos pela via de aceitação ou aprovação do outro, mas sempre estaremos bem diante dos desafios pela forma como nos colocamos diante da vida, com sentimentos de investimentos na autoestima, fazendo o que gostamos, mudando nossa postura em noções de cuidado, valorizando aspectos que gostamos em nós, nossos talentos, enfatizando nossas potencialidades com propósitos diários alimentando os sentimentos que temos por nós em nosso dia a dia.
MOSTRAR O QUE SOMOS POR DENTRO, TENDE A VALER MAIS DO QUE A IMAGEM FANTASIOSA QUE CONSTRÕEM SOBRE NÓS – TEMOS A CAPACIDADE DE SURPREENDER A PLATÉIA E SERMOS PROTAGONISTAS DE NOSSA PRÓPRIA HISTÓRIA!
Que tal, clarear os próprios sentimentos, elencando as próprias potencialidades, seus pontos positivos, pontos a desenvolver, da própria autoimagem, personalidade, mapeando assim o caminho do próprio desenvolvimento e aceitação? Processos de reflexão como este, pode auxiliar na definição dos objetivos de vida, apontando possíveis cobranças desnecessárias, se livrando de sentimentos que não são autênticos do que sentimos por nós e despertando um verdadeiro eu, autêntico, singular e afetivo, nos reconciliando com nossa história e com nossa autoestima.
Buscar ajuda, para percorrer um caminho de autoconhecimento, pode ser o canal para autoaceitação e bem estar global, no enfrentamento das possíveis dificuldades de conviver com uma doença de pele… isso mesmo, conviver, pois ter uma doença de pele, não resume a vida de uma pessoa, pois somos muito mais que uma doença, temos uma história, temos sonhos, temos objetivos de vida, temos pessoas que gostam da gente pelo que somos, POR DENTRO, pelo que EXPRESSAMOS, pelos SENTIMENTOS BONS que dedicamos ao mundo.
Ao ponto que nos conhecemos, nos importamos menos em atender estereótipos sociais de imagem ideal, e nos aproximamos do que somos, do que queremos nos tornar e do verdadeiro sentido de existir!
Caíque Sousa
Psicólogo
caique.santos.sousa@gmail.com
Comentários