Essa pele que nos cerca e nos protege é nossa casa, é o invólucro de nosso corpo, é nosso cartão de visita.
A pele é o maior órgão do corpo humano, e marca o dentro e o fora de nós. Pode ser entendida como a primeira e última defesa contra ataques do meio externo; é uma proteção, uma barreira; é o meio pelo qual o mundo externo e o outro nos toca e é percebido.
Nosso corpo biológico é banhado pela cultura, pela sociedade em que vivemos. São escritas nele marcas de prazer e desprazer a partir das relações que mantemos com o outro e com o mundo.
Em nossa sociedade vigora a exigência da estética, ter um problema de pele ou ser gorda ou alta demais; ser diferente dos padrões impostos pela sociedade em que vivemos; traz olhares desconfortáveis sobre nosso corpo, críticas, deboches, exclusões; e estas ações trazem um impacto sobre nossas emoções e nosso corpo.
O corpo reage e nossa mente/psiquismo fica vulnerável.
Passamos a nos sentir desvalorizados, inferiores, atingindo diretamente nossa autoestima que fica muito baixa, ficamos com muita ansiedade. O desprazer é uma das causas da ansiedade.
Começamos a ter receio, medo de nos relacionarmos com outras pessoas, de sair para passear. Passamos a nos privar de atividades para não ficarmos expostos e vulneráveis. Podendo levar à uma depressão.
A vivência destas situações desagradáveis ou mesmo apenas a lembrança delas, causa muita ansiedade! E a ansiedade é também reação gerada pela insegurança, um sentimento de medo sobre o que pode acontecer neste contato com outras pessoas.
Vale nos lembrarmos de que algumas pessoas reagem mal ao se depararem com alguém que tenha alguma “doença ou problema”, pois acham que o problema pode ser contagioso. Mas normalmente ocorre é que as pessoas sentem-se incomodadas pelo diferente de si mesmo.
Como proceder?!!
É muito difícil, mas você conseguirá lidar melhor com uma situação se reconhecer seus sentimentos, este medo e esta insegurança, pois o primeiro passo para lidar com um problema é admitir a sua existência.
Você sabe porque sofre! Sabe que não está correto te tratarem com diferença ou indiferença.
Então vamos lá, pense nas suas qualidades, nas suas vitórias, lembre-se de que você é muito mais, muito além que só aparência.
Você pode usar recursos como maquiagem, lenços ou outros; mas o principal é aceitar este corpo, esta pele, uma marca.
É difícil? Sim é; mas se você se apossar de si mesmo terá recursos para melhor usufruir do mundo e das pessoas que a/ o cerca. Ao invés de você se privar de sair, passear, ao invés de se fechar ao mundo por causa desta doença; poder usufruir das coisas da vida?!
Há tantas coisas à serem feitas, descobertas; tantas pessoas para se conhecer.
Cada um de nós é único e você é o único que pode andar o seu caminho, você pode estar acompanhado, mas ninguém poderá fazê-lo por você.
Como disse o autor: “não se consegue ter harmonia quando todos cantam a mesma nota”.( Doug Floyd).
Viva a sua diferença, encarne-a!
Ingrid da Rocha Campos Politi
Psicanalista/Psicóloga/Gerontologista
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